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Sessões
de Treino Intervalado Normalmente, quando utilizamos a expressão "treino de séries", estamos a utilizar uma terminologia errada, pois estamos a referir-nos a um dos dois métodos de treino mais utilizados para o desenvolvimento da resistência, ou seja, o método do treino intervalado e o método do treino fraccionado. Como nestes métodos de treino é possível agrupar conjuntos de repetições em diferentes séries, alguém terá começado, incorrectamente, a chamar a estes métodos, o "treino de séries". E parece ter pegado. As distâncias ideais a utilizar nestes métodos de treino, dependem de inúmeros factores como a idade do atleta, a sua experiência anterior, o seu nível atlético, o seu estado de forma, o período da época em que é feito o treino, as condições do local de treino, a distância para a qual o atleta está a treinar, o número de repetições que vai realizar, a intensidade de corrida em cada repetição, o tempo de recuperação entre cada repetição, a organização do treino em séries, os objectivos do treino, que tipo de resistência se pretende desenvolver e entre muitas outras coisas, a imaginação e a vontade do próprio treinador. Parece que em vez de dar uma resposta adequada, ainda baralhamos mais o nosso leitor, mas o facto é que a escolha da distância é apenas um pormenor entre muitos outros quando fazemos o planeamento de um treino de resistência através do método intervalado ou fraccionado. Assim, para melhor esclarecermos os nossos leitores, é bom recapitular algumas noções básicas sobre estes métodos de treino, neste caso sobre o treino intervalado. Definição do treino Intervalado: O treino intervalado é muito versátil no que respeita à organização da carga que varia conforme as adaptações funcionais pretendidas, o que o torna num método de treino da resistência muito utilizado em todas as modalidades e principalmente no atletismo. Uma das suas principais características está relacionada com os períodos de repouso que não permitem a recuperação completa dos parâmetros cardio-circulatórios e ventilatórios. Objectivos: A grande versatilidade deste método de treino permite que seja utilizado para o desenvolvimento dos vários tipos de resistência. Contudo, é principalmente utilizado para o desenvolvimento da potência aeróbia, capacidade láctica e potência láctica (neste caso, principalmente com a utilização do método intervalado intensivo).
Variáveis do Treino Intervalado: 1 Duração dos períodos de esforço ou distâncias das repetições
Quando se indicam estas distâncias, pretendo mostrar quais são as distâncias mais utilizadas no atletismo e não estou a dizer que um treino com repetições inferiores a 100 metros ou superiores a 3000 metros não é um treino intervalado. 2 Intensidade do esforço: A prescrição da intensidade com que o atleta vai realizar as várias repetições do treino é uma indicação fundamental para garantir o sucesso do treino. Essa intensidade é calculada com base em diversos factores:
3 - Intervalo entre as repetições Micro-Pausa No treino intervalado, a recuperação não pode ser completa (principio da carga lucrativa). A duração do intervalo depende do objectivo do treino, da duração das repetições e também das características do atleta e do seu momento de forma. É fundamental que a recuperação permita manter a intensidade do esforço durante todo o treino mas utilizando a pausa mais curta possível que permita ao atleta cumprir todo o treino que foi programado. Há dois tipos de intervalo:
4 - Organização em Séries A série é um conjunto de períodos de esforço e de repouso consecutivos, agrupados com os seguintes objectivos:
5 - Tipos de Treino Intervalado Há dois tipos de treino intervalado que se distinguem fundamentalmente pelos níveis de intensidade do esforço:
6 - Exemplos de Treinos Intervalados Repetições de 200 metros: Repetições de 400 metros: Repetições de diferentes
distâncias: Repetições de 1000 metros: Intensidades para iniciados No caso dos corredores com menos experiência ou que não podem treinar mais do que três dias por semana e que quando competem numa meia maratona fazem mais de 1h 50' e os 10 km a mais de 50', não têm de fazer séries de ritmos. Podem antes fazer uns jogos de intensidades como as trocas de ritmo, durante 20' ou 25', com recuperações a trote sempre inferiores a 1'. Ritmos para competir a menos de 4 por km
Ritmos para competir a menos de 430 por km
Aprender a fazer Séries de 1000 Mts
Tendo em atenção os inquéritos efectuados de Norte a Sul do país, podemos chegar à conclusão que 43% deles têm as suas grandes preferências nas provas com distâncias entre os 15 e os 21 km. Perante este dado, optei por situar a prova da meia-maratona como a distância preferida pelos corredores. Portanto, nas tabelas de treino, vamos encontrar variantes em torno dos 21 km. Para os nossos treinos de ritmo, a distância escolhida foi a de 1.000 metros. Os interessados deverão ter o cuidado de, aproveitando uma estrada de pouco movimento, e tanto quanto possível plana, assinalarem tal distância ou, então, 500 metros em percurso de ida e volta, situação esta não muito aconselhada para os treinos de ritmo. Claro que estamos a falar de uma medição exacta e, de preferência, mediante a utilização de fita métrica. Se considerarmos os tais cinco treinos semanais, há que dedicar um deles ao factor da melhoria do ritmo competitivo e que deve decorrer sob os seguintes princípios:
Se as fases A e C mais não são do que períodos de 10 a 20 minutos de corrida lenta, descontraída, intercalados por tempos dedicados a exercícios de flexibilidade e alongamento, já a fase B merece uma explicação mais detalhada: 1- Findo o aquecimento, o atleta deverá efectuar 4 x 100 metros exactamente no mesmo ritmo que vai ser utilizado para percorrer os 1.000 metros. Estas séries de 100 metros têm de ser feitas de forma descontraída e com uma recuperação de um minuto entre cada uma delas. Terminada esta fase, tem lugar o treino propriamente dito;
2 - Os 1.000 metros deverão ser percorridos, tanto quanto possível, no ritmo indicado e o atleta deve mentalizar-se que não está a percorrer essa distância, mas, sim, em plena prova de 21 km. É a noção de ritmo que ele está a treinar e não a sua velocidade base e nada mais errado do que utilizar ritmos superiores às suas capacidades; 3 - O intervalo entre cada repetição abrangerá sempre um período exacto de três minutos, devendo o desportista ocupá-lo quer em pequenos trotes quer simplesmente caminhando. É um tempo para recuperação e daí a necessidade de uma concentração, sobretudo no que diz respeito à expiração e à tentativa de descontracção muscular. Erro, erro grave, é o atleta sentar-se e esperar que passe o período de três minutos e isto devido ao facto de estar provado fisiologicamente que a recuperação entre um esforço médio é mais rápida quando nos deslocamos muito lentamente, em vez de se estar parado; 4 - Se houver oportunidade, o atleta deve ser informado sobre o tempo de passagem a meio percurso, ou seja, aos 500 metros, o que irá contribuir para um acerto do seu próprio ritmo e constitui pormenor muito importante na boa adaptação ao esforço; 5 - Há que ter o cuidado de se assinalar num papel o tempo efectuado em cada repetição de 1.000 metros, registo esse que servirá de comparação dos resultados obtidos em cada sessão semanal. Note-se que os atletas de alto nível, nas suas séries em igual distância, quase que não registam diferenças significativas entre elas. Por exemplo, se o objectivo são 6 x 1.000 metros para um tempo de 2.55, o resultado final situar-se-á entre 2.54 e 2.56... Aliás, quanto melhor se encontrar o atleta em Forma, mais certinho ela é no andamento imposto; 6 - Há que ser rigoroso quanto aos objectivos que são propostos no treino. Se o número apontado para as repetições é 5, deve ser feito esforço para que isso seja efectivamente cumprido e dentro do ritmo proposto. Há que ter consciência que o treino por intervalos obriga a um certo esforço psicológica, pois o atleta, cada vez que pára e recomeça a correr, é obrigado a concentrar-se. E se não houver uma grande motivação, em vez de cinco vezes, acaba por fazer três ou quatro; 7 - A flexibilidade quanto ao esforço proposto tem de ser outra das preocupações a não esquecer. Se se teve um dia de intensa actividade profissional ou se, por qualquer outra razão, se regista um cansaço anormal, então há que ser flexível, quer na redução do número de repetições quer, até mesmo, na interrupção do próprio treino. No ponto 6 focámos o rigor, agora, falamos de flexibilidade, cabendo a cada atleta situar-se dentro dos seus próprios parâmetros do momento; 8 - Erro, é efectuar sessões de ritmo utilizando andamentos mais lentos do que os previstos. Por exemplo, se o objectivo for 7 x 1.000 metros para 4 minutos, há que fazer um esforço para que sejam mesmo esses quatro minutos. Percorrer a distância em 4.15 não tem os efeitos físicos desejáveis e, portanto, há que rectificar os objectivos.
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